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    Political radicalism as a genre : towards a non-relational understanding of radicalism and moderation

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    The years after the fall of the USSR were times of great optimism for proponents of constitutional democracy, of a Third Way between market and welfare state, and of a politics of moderation. However, this last decade has seen the emergence of antagonistic forms of politics: left and right populisms, uncompromising forms of free market liberalism, minority rights activism, and a recent nativist explosion that has caught everyone by surprise. We try to understand the ideas behind these phenomena by articulating a conception of political radicalism and of its opposite, political moderation. Radicalism in the past has often been understood as the negative contrary of moderation (especially because of the previous dominance of Marxism as the main paradigm of radical politics). It has been understood as a body of ideas that are opposed to democracy, to the rule of law, to pluralism, or that are in favor of revolution and violence. The new radical trends of today, however, do not seem so straightforwardly anti-democratic or revolutionary as Marxism once was. Instead of defining radicalism “negatively” as a collection of ideas, policies, or attitudes that deviate from a given state of “normality” (such as anti-pluralism, anti-democracy, anti-constitutional aims, or anti-traditionalism), we instead compare it to a literary genre that a group or individual can use in order to create dichotomies and a sense of “us versus them.” By describing and analyzing the thoughts of Georg Lukács, Ludwig von Mises, and Ernesto Laclau, we give examples of some “literary genres” (Marxist, free market libertarian, and postmodern), of the tropes they use to establish these dichotomies, and the way they can reinforce their arguments by using these dichotomies. In turn, we try to understand political moderation as an “anti-genre” that breaks with these attempts to create dichotomies.Os anos que se seguiram à queda da URSS foram tempos de grande otimismo para os defensores da democracia constitucional, de uma Terceira Via entre o mercado e o Estado social e de políticas de compromisso. Nesta última década surgiram, porém, vários movimentos políticos antagónicos que vieram abalar este status-quo: populismos de esquerda e de direita, ideologias a favor da completa liberalização do mercado, movimentos ativistas a favor dos direitos das minorias e até uma explosão “nacionalista” que apanhou o Ocidente de surpresa. O presente projeto de investigação visa estudar algumas das ideias por detrás destes fenómenos. Neste estudo, esboçamos dois conceitos para tentar perceber melhor esta nova situação: uma conceção de radicalismo político e uma conceção de moderação política. O radicalismo político foi frequentemente entendido como o contrário da moderação, pois o radicalismo era frequentemente definido à luz do paradigma dominante naquela altura, o marxismo. O radicalismo era entendido como um conjunto de ideias que se opõem à democracia, ao Estado de Direito, ao pluralismo—ou que são a favor da revolução e da violência. As novas tendências radicais de hoje, no entanto, não parecem tão antidemocráticas ou revolucionárias como o marxismo. Uma conceção diferente de radicalismo pode ajudar a entender as ideias por detrás desses movimentos. E essas ideias podem ser melhor compreendidas se conseguirmos caracterizar o radicalismo por si mesmo, de forma substantiva, em alternativa a um agregado de políticas, ideias e atitudes, como o anti-pluralismo, anti-democracia, anti-tradicionalismo, ou em vez de recorrer a outros critérios que definem o radicalismo como um desvio em relação a um certo estado de “normalidade”. Podemos compreender melhor estes novos movimentos radicais contemporâneos se olharmos para a maneira como criam dicotomias e desenvolvem um sentimento de “nós” contra “eles”. Defendemos neste trabalho que as abordagens do radicalismo que o tendem a definir negativamente, identificando o que este rejeita, podem ser complementadas com uma abordagem mais “positiva” que analisa o que o radicalismo oferece. Sugerimos ainda na sequência desta 10 investigação que poderíamos entender a moderação política como um conjunto de meios que tentam romper com as tentativas extremistas ou radicais de criar dicotomias. No decurso deste estudo, começamos por descrever as variadas formas como o radicalismo e o extremismo têm sido teorizados recentemente. De seguida, vemos como, subjacente à conceção de radicalismo que estamos a tentar evitar (como um desvio em relação a determinada forma de normalidade), parece haver uma abordagem bottom-up que tenta identificar as componentes constituintes do “radicalismo” (ideias, políticas ou atitudes). Nessa abordagem de baixo para cima, o grau de radicalidade do objeto de estudo é avaliado pelos elementos radicais (ideias, políticas ou atitudes) que comporta e pela sua intensidade. Em vez de considerar o radicalismo em termos de elementos constituintes, ou em alternativa, em função da dimensão da mudança social que os radicais propõem, argumenta-se nesta dissertação que se deve adotar uma abordagem top-down (de cima para baixo), quando analisamos o grau de dependência de um argumento em relação a uma narrativa radical que opera em segundo plano. Designa-se esta abordagem, de modo metafórico, como “literária”: como um género literário. Os radicalismos (como o marxismo, mas outros também) podem ser vistos como histórias “familiares” cujas referências “literárias” (“a burguesia”, “o trabalhador”, “a revolução”) podem ser usadas como indicações que apontam para a história do movimento marxista, tal podendo reforçar os argumentos de quem a utiliza. Dentro deste paradigma, quando um “autor” usa o “género” do radicalismo, os “leitores” situam-se e condicionam as suas expectativas em função de uma história cujo enredo contém dois lados, uma situação presente insatisfatória, e uma solução para resolvê-la que leva a um “final” do enredo em que a solução insatisfatória é resolvida. No exemplo clássico do marxismo, temos uma história tão conhecida que esta pode muitas vezes mergulhar intuitivamente o “leitor” na história que lhe é familiar do proletariado, a sua luta contra a burguesia e a crescente opressão de classe que eventualmente leva a uma revolução e traz a instauração do socialismo. Um autor pode usar palavras-chave – a que chamamos referências – da história do marxismo – a que chamamos metanarrativa – para referenciar a história do marxismo e reforçar os seus argumentos. Rotulando um determinado autor, grupo ou argumento como “burguês” ou "reacionário" ou, inversamente, 11 rotulando-o como "proletário" ou "revolucionário", um autor coloca o elemento atribuído num dos dois lados da história do marxismo. Graças a essa atribuição e ao uso desse termo de referência, o leitor é capaz de definir as suas expectativas em conformidade e continuar a ler desse modo, ao mesmo tempo que (1) lê esse argumento condicionado pela metanarrativa do marxismo em segundo plano e (2) que o autor, grupo (ou argumento que o autor acabou de atribuir) está do lado “errado” ou “certo” da história. A fim de aprofundar a noção de radicalismo que esboçamos na primeira parte, exploramos subsequentemente um dos primeiros pensadores que analisaram exaustivamente o marxismo como uma metanarrativa, Eduard Bernstein. Descrevemos as críticas de Bernstein à ortodoxia do SPD e, especialmente, as suas críticas à metanarrativa do marxismo e às suas “referências”. No mesmo capítulo, analisamos o argumento oposto de Georg Lukács em História e Consciência de Classe e examinamos a maneira como ele se esforçou por reconectar as diferentes partes da metanarrativa do marxismo que Bernstein separou (referências como “ciência”, “totalidade”, “classe”, “proletariado” e “revolução”). Com essa reconstrução, Lukács tentou abafar o ceticismo de Bernstein e gerar novamente uma história com dois lados. Graças a essa metanarrativa binária e estruturante que guia o “texto” político e as expectativas do leitor, Lukács é capaz de fazer saltos inferenciais rápidos de uma referência para a seguinte. Analisamos especificamente seções da História e Consciência de Classe, onde esses saltos são evidentes. Graças a tal metanarrativa de fundo, Lukács consegue utilizar duas estratégias centrais do género radical: usa essa metanarrativa para excluir elementos que são relegados para o lado “burguês” da história do marxismo (por exemplo, afirmando que Bernstein era “burguês” porque adotou uma pseudociência burguesa) ou consegue fazer alinhamentos com o lado “socialista” da história (por exemplo, dizendo que Rosa Luxemburgo era “marxista” porque adotou a verdadeira ciência marxista). Para entender completamente a noção de radicalismo político no sentido de género “literário” e como pode ser usada por outros, analisamos com detalhe e profundidade dois autores que constroem extensivamente o seu pensamento político dentro do que caracterizámos como “género radical”. Primeiro, analisa-se como Ludwig von Mises constrói uma metanarrativa radical na qual opõe o liberalismo, a ciência e a 12 racionalidade ao socialismo, à pseudociência e à irracionalidade. Como no caso de Lukács, analisa-se cuidadosamente como os termos de cada “lado da história” estão ligados a tal ponto que Mises é capaz de ligar perfeitamente um termo ao outro sem interromper a “leitura” da sua teoria ou narrativa. Também analisamos um segundo aspeto que permite essa leitura subtil, que é a maneira como Mises é capaz de opor estritamente cada grupo de termos. É graças ao facto de Mises estar a escrever tendo em mente uma narrativa com dois lados que o seu “leitor” é capaz de fazer a transição de uma referência para outra. Graças a essa dicotomia como plano de fundo dos seus textos, Mises usa referências em rápida sucessão e enquadra o seu argumento numa estrutura rígida, dicotómica, enquanto continuamos a lê-lo ininterruptamente. Também tentamos perceber qual a metanarrativa subjacente de Mises e as referências que esta produz e que podem ser usadas por outros autores que partilham a metanarrativa liberal. Depois de explorar as metanarrativas de Lukács e Mises abordamos a metanarrativa anti-essencialista de Ernesto Laclau. Procedemos de maneira semelhante ao que fizemos com Mises e descrevemos como Laclau constrói uma “narrativa de narrativas” formalizando cada passo da história do marxismo. Em seguida, examinamos mais de perto como a metanarrativa de Laclau funciona na prática e analisamos como seu anti-essencialismo é uma fonte de muitas operações de exclusão através do uso da referência “essencialismo”. Abordamos especificamente a maneira pela qual a metanarrativa de Laclau permite que utilize um tom iconoclástico nos seus escritos. Ao descrever a ingenuidade das crenças essencialistas dos seus opositores, Laclau é capaz de criar uma linha dicotómica de “tudo-ou-nada”, enquanto passa de uma referência para a seguinte. Na mesma linha, também usamos essa abordagem “literária” para ver como se pode entender a moderação política. Tenta-se muito brevemente observar a moderação política como um género “anti-género” (anti-utopia, anti-dualismo, etc.): a expectativa que transmite é a da crítica a um corpus “literário” estabelecido, do qual no fim de contas está dependente para transmitir o seu distinto sentimento de expectativa. Muitos elementos da literatura e da retórica moderadas parecem apresentar esse mesmo padrão duplo, tal como “ironia” enquanto género ou tendências literárias “realistas”. Para ganhar força, os recursos literários da 13 moderação dependem de um corpus preexistente em relação ao qual (ou contra o qual) obtêm a sua própria eficácia. Caracterizamos a moderação política, pois, como consistindo essencialmente na crítica e prevenção de uma metanarrativa extrema, a fim de romper os alinhamentos e as suas referências. A moderação, portanto, induz ou produz efeitos forçosamente recorrendo a expectativas de outras metanarrativas estabelecidas e, em seguida, oferecendo expectativas em que as referências dessas metanarrativas são separadas. Para exemplificar o “género político” da moderação, descrevemos sucintamente esta característica específica que atravessa o pensamento de alguns liberais da Guerra Fria, e especialmente de Raymond Aron

    Thermal comfort in physical medicine and rehabilitation centers - the case of therapeutic gyms

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    Nas últimas décadas o ambiente interior tem vindo a adquirir uma crescente importância, essencialmente pelo facto de o ser humano passar mais de 90% do seu tempo dentro de edifícios. O conceito de ambiente interior é complexo e engloba factores ambientais, fisiológicos e comportamentais (Djongyang, Tchinda, & Njomo, 2010).O conforto térmico é definido pela American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning (ASHRAE), através da norma 55, como a condição da mente que expressa satisfação com o ambiente térmico (ASHRAE, 2003). Este é influenciado por factores individuais, sócio-culturais e organizacionais, não traduzindo uma condição estática, mas sim um estado de espírito. O julgamento do conforto é, portanto, um processo cognitivo envolvendo vários inputs (Djongyang et al., 2010; Parsons, 2000).Os serviços de saúde constituem locais de trabalho bastante peculiares, sendo concebidos, quase exclusivamente, em função das necessidades dos utentes. Estão dotados de sistemas técnicos muito próprios, proporcionando aos ocupantes condições de trabalho desajustadas (Uva, 1992).As clínicas de medicina física e reabilitação incorporam uma diversidade de profissionais de saúde e de pacientes, com condições de saúde distintas. Os pacientes apresentam menor taxa metabólica que os profissionais, dada a passividade dos tratamentos, beneficiando, de uma temperatura efectiva superior. Para além do largo espectro de patologias, tomam normalmente medicamentos, que afectam o metabolismo. Os profissionais de saúde executam técnicas, com diferentes exigências metabólicas, o que torna impossível a adequação do ambiente térmico às circunstâncias (Parsons, 2000). Segundo Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (AESST), o desconforto térmico é um dos riscos emergentes nos locais de trabalho, tendo influência na produtividade do trabalhador e na adopção de comportamentos seguros, com o consequente aumento da ocorrência de acidentes (AESST, 2006). Em Portugal não existe legislação específica para o ambiente térmico das clínicas e este não é, habitualmente, controlado. As únicas referências legislativas, a este respeito, encontram-se na Portaria nº1212/2010, de 30 de Novembro, e apenas estabelecem que, para os ginásios terapêuticos, a temperatura deve situar-se entre 20 e 25ºC e a humidade entre 55 e 75%. O presente trabalho teve, como principal objectivo, analisar e avaliar as condições de conforto térmico em ginásios terapêuticos de clínicas de medicina e reabilitação física na área do Grande Porto, com base no índice PMV-PPD (Predicted Mean Vote - Predicted Percentage of Dissatisfied); proposto pela norma ISO 7730:2005. Analisaram-se ainda as sensações térmicas dos fisioterapeutas, através de um questionário baseado na norma ISO 10551:1995, bem como as diferenças no cálculo do metabolismo, e consequente PMV-PPD, através de dois métodos diferentes
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